segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Muro de concreto, bom de derrubar"

Sim. Eu também não me aguentei e tive que escrever sobre a guerra no Rio de Janeiro.

A população acompanha o caso com um êxtase digno de final de copa do mundo. Todos, torcendo contra a "bandidagem": como se fosse um cancêr a ser retirado, numa operação complexa, mas que promete uma cura.


Acho tão engraçado tudo isso. Como é bacana (atenção, ironia!) ver que nosso país instalou uma central de batalha "idêntica à utilizada no Iraque e no Afeganistão".

E a população? Toda orgulhosa, inflando o peito e hasteando a bandeira do Brasil...

Mas o que ninguém se lembra é de quem alimenta essa "doença". Como se os traficantes fossem auto-suficientes, ganhassem dinheiro sozinhos. E quem consome a droga? "Ahhhhhhhhh, isso é outra história!"

Não estou dizendo que não concordo com a ocupação da favela. Só aponto que as relações e consequências desta ação parecem que não estão sendo levadas em conta.

Apelo para um velho ditado: "melhor prevenir do que remediar". Agora, já remediamos. E para o futuro? políticas de prevenção (alicerçadas na educação) deveriam ser tomadas. Mas não fariam tanto sucesso na mídia. A mídia, que faz da ação policial uma "Tropa de Elite 3D" - com vilões, bandidos e mocinhos. E a população iludida, palpitando, como se fizesse parte de tudo aquilo. Não faz parte, e nem quer fazer. Só na hora de hastear a bandeira da vitória.

É... E o muro é bom de derrubar. Altamente reforçador: quem não quer ser mocinho, salvador? Pra isso, precisamos sempre do bandido. Ele é peça-chave do jogo.

Ah. E o papa prometeu rezar por quem morreu nesta batalha, pra abrir o caminho do céu - -

OBS: tá bom, chega. Prometi a mim mesma que não falaria de religião neste post, rsrs.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

"Ando com minha cabeça já pelas tabelas..."

Graaaaande Chico Buarque. Bom, mas esse post não é (exatamente) sobre ele.

O compositor escreve uma letra, compõe uma melodia, e nem imagina as interpretações que a dita cuja vai ganhar.

O diretor do filme escreve um roteiro, usa e abusa dos recursos audiovisuais, tudo isso para contextualizar o espectador. Mas ele não tem dimensões dos significados atribuídos a cada personagem e a cada diálogo.

Eu, particularmente, acho tudo isso o máximo ;)

Como muitos pesquisadores já constataram, produções artísticas (como obras de arte, filmes e músicas) são retratos de um período histórico, da cultura presente, que refletem a história de vida do indivíduo que a produziu e geram milhares de sensações aos espectadores.

Os três níveis de seleção da Análise do Comportamento (filogenético, ontogenético e cultural) explicam muito bem o processo de criação de um filme e as as milhares de interpretações que surgem como consequência. Pretendo me aprofundar neste assunto futuramente.

Temos muito o que aprender com a análise de produções artísticas. Inclusive, de como utilizá-las nos processos de aprendizagem, na clínica, etc...

Além disso, precisamos saber onde encontrar o nosso regozijo: seja assistindo um filme, ou lendo um livro, ouvindo uma música, etc, etc... Descobrir onde você pode encontrar os seus pequenos momentos de prazer é fundamental para diminuir as mazelas da vida ^^

Como já disse B. F. Skinner: "É suficientemente claro o valor da sobrevivência da arte, da música, da literatura, dos jogos e de outras atividades não associadas aos aspectos sérios da vida".


"Aspectos sérios da vida"... E parece que só a seriedade é valorizada atualmente. Uma pena.

OBS: Acredito que este blog terá vários posts de análise fílmica, uma das minhas paixões!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um peixe, andando de triciclo...

Como dizem, "um homem sem religião é como um peixe sem bicicleta": natural e completo. Resumindo, religião seria uma invenção "desnecessária" (altamente funcional para alguns, mas isso é assunto para um outro post).

Hoje, sinto-me como alguém que já andou muito de carro (de carona, nunca dirigindo), e parece se esqueceu de que é possível ir andando. Eu explico: fui criada por uma mãe espírita e por um pai pertencente a um grupo seleto de católicos conservadores, mas nunca me senti pertencente a nenhuma religião.

Questionava a Bíblia desde o dia em que li algo sobre a Arca de Noé. Lembro-me como se fosse ontem: "Mas como assim, uma arca?" "E os dinossauros, não mereciam viver?" "Ninguém morreu na viagem?"... Uma criança, com medo por não acreditar em tudo aquilo (e apaixonada por dinossauros, rsrsrs! Nerd feelings).


(tirinha do Carlos Ruas, do ótimo Um sábado qualquer!)

Olha, já senti muito medo por ser tão incrédula, tão cética. Na adolescência, pesquisei sobre algumas religiões, tentando preencher alguma lacuna, buscando algo a ser defendido, acreditado, experienciado. Nada me completava, nem conseguia responder aos meus questionamentos.

Depois disso, passei alguns anos na incerteza e pseudo-aceitação: aquele meio-termo ingrato. Acredito que a maioria das pessoas já enfrentaram esta situação: "não sei se acredito, mas aceito certas imposições da sociedade. E evito questionar pra não gerar incômodo".

Bom, acho que esse é um bom começo...Em breve, postarei a continuação dessa história.

O primeiro post a gente nunca esquece!

É, quem diria! Eu aqui, ingressando novamente na blogosfera ;)

Bom, vamos lá. Criei este blog para discutir assuntos, desmistificar alguns temas e postar algumas idéias. Pretendo falar sobre Análise do Comportamento, Behaviorismo Radical, Darwinismo, e qualquer outro assunto que eu tenha interesse ^^

Afinal, assim como numa mesa de bar, nunca sabemos qual será o assunto da vez.

É também um espaço para escrever e guardar meus pensamentos, questionar certos devaneios (idéia roubada diretamente do meu amigo Fernando, cujo blog serviu de "força motriz" para a criação deste).

Com o tempo, veremos no que isso aqui vai se transformar!